quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Meu Cristo

Meu Cristo





Autor: Tiago Rocha





Neste mundo há muitos cristos: de muitas formas, de várias cores

e de vários tamanhos.

Cristos feitos, cristos inventados, cristos moldados, cristos

deturpados, cristos tristes, cristos desfigurados. Há cristo pra cada gosto,

cada interesse, cada objetivo, cada projeto.

Há o cristo das belas artes: um motivo como tantos outros, para

expressar uma forma ou exibir uma escola, pelo próprio homem criado. É

cristo para se ver, apreciar ou criticar. Para exaltar o autor, seu talento,

sua invencionice. É um cristo despido de autoridade, sem expressão, sem

dignidade.

Há o cristo da literatura: da prosa, do verso, da forma, do estilo. Do

livro famoso, do “best seller”. É um cristo pretexto, que serve de texto,

dentro de um contexto, que ajuda seu autor a faturar mais, ser mais lido e

mais procurado.

Há o cristo das cantigas: deturpado, maltratado, irreverentemente

tratado. Aparece na crista da onda, estoura nas paradas, é cantado nos

salões e circula aos milhões como mercadoria. Para enriquecer a todos.

É um cristo de algibeira. Fabricado como produto de consumo.

Há até o cristo do cinema e do teatro: sucesso de bilheteria. É a

Expressão da arte moderna, fazendo a caricatura do maior personagem

do mundo. É um cristo musicado, maquinalisado, encenado. É um cristo

espetáculo para os olhos, para os ouvidos, para lazer, para higiene

mental.

Há o cristo do crucifixo: de pedra, de mármore, de madeira, de

metal. É o cristo para a aparência. Para o colo da mocinha. Para o peito

piloso do rapaz excêntrico. É apenas ornamento ou simples decoração.

Embora alguns lhe prestem culto, ele não vê, não ouve, não entende.

Há o cristo dos teólogos: difícil de entender. Complicado. É o

Cristo dos eruditos, para cultos privilegiados. É o cristo só para ser

analisado, discutido, dissecado e aceito intelectualmente. Não modifica.

Não regenera. Não transforma. Não muda.

Há também, infelizmente, o cristo de certos cristãos, que ainda o

tem no túmulo. É o cristo crucificado, morto e sepultado e ainda

conservado na tumba dura e fria. É um cristo que não vive, porque

seus adoradores ainda estão mortos, sem despertar para a nova vida,

a vida do próprio Cristo, da qual lamentavelmente ainda não se

apossaram.

O meu Cristo não é nenhum desses.

O meu Cristo é o Filho de Deus. Que foi encarnado. Nasceu.

Sofreu. Foi condenado à morte e sepultado por causa dos meus

Pecados.

Meu Cristo não ficou preso na sepultura escura. Ele ressuscitou.

Subiu ao céu e reina à direita do Pai.

O meu Cristo é respeitado, admirado, cultuado e adorado porque

está vivo, bem vivo.

O meu Cristo vive nas palavras que proferiu.

O meu Cristo vive nos ensinos que deixou.

O meu Cristo vive nos atos que praticou.

O meu Cristo vive nas obras que realizou.

O meu Cristo vive nas almas que salvou.

O meu Cristo vive. É, eu sei bem disto. Não tenho nenhuma

dúvida.

O MEU CRISTO VIVE EM MIM !

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