domingo, 8 de setembro de 2013

I Coríntios 14.6

V.6 “Agora, porém, irmãos, se eu for ter convosco falando em outras línguas, em que vos aproveitarei...?”
          Por muitos anos este assunto de línguas, neste cap. 14, era para mim um mistério indecifrável, ...até que vi a simplicidade e clareza do que diz. Entendi todo o assunto quando parei de complicar. E, sem qualquer complicação, o que este versículo está dizendo?  Paulo está dizendo que, se ele, que conhecia uma diversidade de línguas, viesse falando em línguas desconhecidas por eles, em que isto lhes aproveitaria? Em nada. Mas conhecer diversas línguas lhe servia para falar com quem conhecesse UMA destas línguas; E NÃO para se vangloriar falando numa língua desconhecida por todos. Conduzindo esta idéia, escreve no v.19: “Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento (=ou seja, cinco palavras que fala e é entendido),  do que dez mil palavras em outra língua (ou seja, dez mil palavras que fala e seus ouvintes não entendem).
          Digamos que eu fosse como Paulo sabendo falar uma diversidade de línguas. Então chego em uma comunidade que fala apenas a sua língua nativa e me ponho a falar em outra língua (ou outras línguas) a qual ninguém entende. Qual,  pois, a conclusão? Qual “...o fim proveitoso” disto?  Respondo com o ensino de Paulo, a conclusão é: Em que vos aproveitarei? Certamente em nada. E, neste caso,o melhor é ficar calado. É isto que diz no v.28: “Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus”.
          Ora, o que ensina neste v.6 PARECE estar em contradição com o que disse antes. Antes (v.5) disse: “...quisera que todos falásseis em outras línguas”; mas agora aparenta não ver proveito nisto:  “...se eu for ter convosco falando em outras línguas, em que vos aproveitarei?(v.6). Para entendermos o que ensina precisamos conhecer o tema, o sentido e a aplicação do que escreve. Nos Vs. 2 e 4 escreve a respeito dos que na igreja “oram em outra língua” (=a si mesmos se edificam). No v.5 escreve da “utilidade de conhecer outras línguas)” (= se comunicar nestas outras línguas). Mas neste v.6 mostra “um modo errado de falar em outras línguas” (=falar publicamente e não se entendido por ninguém).
         Quanto mais estudava este cap. 14 mais ficava claro que a busca de Paulo é a edificação de todos, a edificação da igreja; e  para isto tem de haver comunicação. Onde se falam palavras que não comunicam nada, para que servem? É sobre isto que escreve a seguir:


Continuação de I Coríntios Cap. 14.5

...Foi que Deus lhe capacitou falar “...em outras línguas mais do que todos vós (= dom de línguas), Paulo não está dando um conselho vão. Seu propósito era atender as necessidades da sua época, as necessidades da igreja em Corinto, a qual era levar a Palavra de Deus para as pessoas das mais variadas línguas.
V.5 “quem profetiza é SUPERIOR ao que fala em outras línguas, salvo se as interpretar.” Por muitos anos fiquei sem ter certeza do que estas palavras estão a ensinar, até que vi que neste cap. 14, nesta questão de línguas, “não existe nada que vá além de uma comunidade de irmãs falando nas mais variadas línguas e Deus ter capacitado alguns a compreenderem uma variedade delas (= dom de línguas). Corinto recebia irmãos de todas nacionalidades, e nela todos  participavam com seu testemunho (cp. VS. 27-30). Na igreja em Corinto não se falava a língua dos anjos (Ao que saiba, os anjos não eram membros da igreja; mas, as línguas faladas em todo o império podiam ser ouvidas ali.
PROFETIZAR: Para entendermos nosso texto em pauta, precisamos saber o que é “profetizar”, ou não saberemos o que Paulo está comparando quando diz: “...o que profetiza É SUPERIOR ao que fala em outras línguas...” Profetizar é “anunciar a palavra profética” que inclui o evangelho e as profecias que a Bíblia contém para o futuro.  O mesmo é válido hoje. As Escrituras estão repletas de profecias. Desde Gênesis ao Apocalípse temos profecias que, ainda hoje, aguardam seu cumprimento. Sempre que um discípulo de Jesus anuncia a palavra profética, está “profetizando”.
Com este entendimento retornemos ao nosso texto (v.5): “...quem profetiza é superior ao que fala em outras línguas, salvo se as interpretar”. No v.3 Paulo disse: “O que profetiza fala aos homens, edificando...” No v.4 disse: “O que fala em outra língua a si mesmo se edifica...” Ora, este v.5 é a conclusão lógica e natural do que ensinou nos VS.3 e 4. Pois aquele que “fala aos homens, edificando...” (v.4), é SUPERIOR ao que “ edifica a si mesmo” (v.3). Assim podemos entender o v.5: “O que profetiza (=edifica a igreja) é superior ao que fala em outras línguas (=edifica a si mesmo)”. Mas há uma variante: “...salvo se as interpretar”; pois nesse caso não será inferior, mas IGUAL, pois a igreja será edificada: “entendendo POR MEIO do intérprete (=tradutor), quem fala em outra língua”. É isto que Paulo conclui neste v.5: “...para que a igreja seja edificada”.
          Se a igreja dos papas romanos tivesse seguido esta diretriz de Paulo, jamais teria imposto seu culto em latim e também não teria impedido que a   Bíblia fosse traduzida e divulgada para as línguas das nações, como fez durante muitos séculos.